segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Mastigando cacos de vidro

No peito surdo
um grito mudo.
Um futuro apagado
estampa-se no sorriso ensaiado,
patético.
As lágrimas secas e quentes
de uma hipocrisia morna,
filhas de uma dor ressonante.
A traqueia clama pela
fumaça de um último cigarro,
em vão!
Maldição dos poetas
fadados a sentir além do que devem.
Come chocolates, pequena.
Come chocolates!
Ludibrie-se com tua pretensa
promessa de felicidade.
Não à alcançaras!
Nada me pertence.
O que tenho não cabe
nesse mundo.
O que tenho tenta caber no papel.
Letras, fonemas, palavras vãs.
Forçadas à serem tinta,
para não serem lágrimas
(mais uma vez).
Poema forçado, arrancado.
Estuprado!
A alegria é uma propaganda burra.
Mais um ato que se prossegue.
Continuas com teu riso dissimulado.
Teu rancor aprisionado,
latejante em tuas veias,
pulsante em tua pupila.
As cortinas não se fecham,
o público não aplaude.

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