quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Que eu não cresça!

"Se  tento descrevê-lo aqui, é justamente porque não o quero esquecer. É triste esquecer um amigo.Nem todo o mundo tem amigo. E eu corro o risco de ficar como as pessoas grandes, que só se  interessam por números.  Foi por causa disso que comprei  uma caixa de  tintas e alguns lápis também. É duro pôr-se a desenhar na minha idade, quando nunca se fez outra tentativa além das jibóias fechadas e abertas dos longínquos seis anos ! Experimentarei,claro,   fazer  os  retratos mais parecidos  que puder.  Mas não  tenho muita esperança de conseguir.  Um desenho parece passável;  outro,   já  é  inteiramente  diverso.  Engano-me também no tamanho. Ora o principezinho está muito grande, ora pequeno demais. Hesito também quanto a cor do seu traje. 
Vou arriscando então,  aqui  e ali.  Enganar-me-ei  provavelmente em detalhes dos mais importantes. Mas é preciso desculpar. Meu amigo nunca dava explicações. 
Julgava-me talvez semelhante a ele. Mas, infelizmente, não sei ver carneiro através de caixa. Sou um pouco como as pessoas grandes. Acho que envelheci."

Meus medos retirados do livro O Pequeno Príncipe de Antoine Saint-Exupéry

2 comentários:

  1. Lindo... sempre que leio esse livro encontro nele algo que não havia visto antes... infinitamente verdadeiro. Beijos!

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  2. só para constar, o link do meu blog. Visite qdo puder ;*

    http://www.casadepenas.blogspot.com

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