segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Correspondências [2]

 Sem saber mais o que fazer pra acalmar a estranha impressão de que minha alma esta engasgada na garganta e qualquer momento vai deixar meu corpo. Fazer de mim embalagem inócua. Então resolvi fazer algo que algum tempo não fazia em vez de deixar minha alma escapar, fazer dela essência, da essência, palavra descompromissada com a verdade universal, pois não passa de uma verdade particular, única (se é que ainda é verdade, e não apenas ilusão de um moribundo).
Enquanto vasculhava no baú de lembranças estranhas que guardo, buscando algo que me acalentasse, lembrei-me do movimento manso das ondas do mar acariciando a areia depois de quebrar e perder sua força. O doce vai e vem convidando pés a entrar no oceano desconhecido, profundo e intenso. Ainda na praia lembrei-me também de quando pisamos na areia molhada e como a pegada se imprime de maneira quase que gentil. O medo inquieto que me arrebatava foi sumindo devagarinho me consumiu a despreocupação.
Ainda do baú velho onde guardo preciosidades retirei outra sensação amo: o vento. Dia quente amenizado pelo vento que sopra com pena dos mortais que sentem, sentem demais, calor demais. O vento sopra. A vontade de abrir os braços e se deixar levar como sílfide encantada arremessada no ar.
Sinto, as vezes acho que sinto mais do que devo, assim em descompasso faço meu samba que sempre tem batuque!

Um comentário:

  1. Adorei a forma simples-complexa de expor as emoções e sensações.
    Abraço...

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